PERSPECTIVAS ECONÔMICAS PARA 2020 – Pílula VI

Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE)

O DIEESE, entidade criada e mantida pelo movimento sindical brasileiro, faz uma análise setorial e apesar dos aspectos negativos destacados (semi-estagnação, desigualdade social e trabalho precário), verifica-se que há uma demonstração de movimento de viés positivo para 2020. Destacam-se as seguintes áreas:

  • Agropecuária: houve expansão do total da área plantada e da produção das principais culturas e, apesar de incrementos pontuais, como é o caso do aumento das exportações de carne para a China e outros países, o cenário externo é instável, diante da expansão das disputas no comércio internacional;
  • Indústria: apresenta recuperação de faturamento real em paralelo de uma estratégia de redução de custos, visto que a massa real de salários, horas trabalhadas e nível de emprego continuam a cair e a utilização da capacidade instalada encontra-se estagnada. Uma reação ocorreu somente no último período com a redução das taxas de juros e consequentemente alguns segmentos de produção de bens de consumo duráveis tiveram melhora na produção no último trimestre;
  • Setor de construção: apresenta avanços no segmento habitacional apesar do baixo investimento público o que, por sua vez, prejudica o segmento de infraestrutura, limitando uma expansão mais robusta do setor; dados de PIB indicam que o setor melhorou;
  • Extração mineral: houve retomada da produção da Vale e contribuiu para o melhor resultado deste setor, o aumento da produção de petróleo e gás da Petrobras;
  • Comércio: foram observados avanços em vendas de veículos e motocicletas e de materiais de construção. A queda dos juros e os saques do FGTS parecem ter tido efeito benéfico, entretanto, sem melhora consistente do mercado de trabalho e da renda, os indicadores não terão sustentação de longo prazo;
  • Setor de serviços: destacaram-se positivamente as atividades imobiliárias e de informação e comunicação. Percebe-se que as atividades de Transportes e Serviços profissionais acumulam, no ano, resultados abaixo da média do setor, porém os Serviços prestados às famílias estão em trajetória de desaceleração e as atividades financeiras e de seguros e a da Administração Pública permanecem com resultados estagnados (0,0) e levemente negativos (-0,1), respectivamente;
  • Serviços Industriais de Utilidade Pública (SIUP*): apresentaram um crescimento expressivo de +3,4% no acumulado em 12 meses e são atividades econômicas com menor volatilidade em relação aos ciclos econômicos, verifica-se que os bens essenciais que estão no foco das privatizações também apresentam desempenho satisfatório;
  • Investimentos: tiveram variação positiva refletindo a melhora da construção civil no segmento habitacional. Destaca-se que uma parcela desse resultado é o efeito contábil da internalização de plataformas da Petrobras: verifica-se que a velocidade da melhora tem sido aquém da necessária para a recuperação das perdas, refletindo a incerteza sobre a perenidade e os resultados efetivos dessa reação sobre a economia. O consumo das famílias permanece com variação positiva, apesar dos insuficientes postos de trabalho gerados, muitos sendo informais e de baixa renda.

(*) SIUP: são serviços industriais de uso comum, como por exemplo os subsetores de limpeza urbana, esgoto, eletricidade e água.

Autores:

Josué José da Silva – Fundador e CEO da Transparência Consultoria atuando como Executivo em organizações na gestão empresarial e pública. Experiência como Administrador, Professor, Consultor e Empresário. Mestrado em Administração; Especialista em Economia e Gestão Empresarial; Pós-graduado em Desenvolvimento de RH.

Victor Hugo Macedo da Silva – Membro do Conselho Consultivo. Consultor Sênior na Ernst Young (EY) em Paris, com foco em projetos nas áreas de Análise de Dados, Modelagem e Análise Econômica e Financeira e Estratégia. Experiência na área de transportes na equipe de Excelência Operacional da ID Logistics e na equipe de Automação Ferroviária da Siemens. Mestre e Engenheiro pela Ecole Polytechnique e pela Ecole des Ponts et Chaussées (ambas na França) após estudos no Instituto Militar de Engenharia (IME) e Unicamp.

Referências:

Boletim de conjuntura Econômica – número 20 – dezembro de 2019: https://www.dieese.org.br/boletimdeconjuntura/2019/boletimConjuntura020.html – acesso em 28/01/2020

https://www.dieese.org.br/ – acesso em 28/01/2020